Há muitos anos eu li uma frase que dizia assim: “Dois tipos de pessoas geralmente falam pouco: aquelas que não sabem falar e aquelas que já sabem que não adianta”.
Como a gente gosta de conversar, não é mesmo? Gostamos muito! Até as pessoas que dizem que falam pouco gostam de conversar quando encontram uma companhia adequada para falar.
A comunicação é, ao mesmo tempo, um verdadeiro milagre e um grande desafio. É impressionante, porque eu tenho um filme passando na minha cabeça o tempo todo. E você tem o seu. E o que a gente tenta fazer é descrever o filme um para o outro. Esse filme que passa na nossa sala exclusiva.
Então, conversar é muito difícil mesmo!
O que acontece é geralmente assim: eu estou aqui, na minha salinha do cabeção, assistindo diversos filmes exclusivos. Às vezes, até mudo de canal no meio do assunto. Durante uma conversa, o meu interlocutor faz a mesma coisa: está dentro da sala dele, com a TV dele, com o filme dele passando. E, no meio disso, a gente tenta se fazer entender. Tenta conversar.
Muitas vezes, o que esta pessoa está dizendo não tem nada a ver com você. Na verdade, geralmente isso acontece. O que ela diz tem relação com o que ela está assistindo. E, em alguns casos, até calha de ser sobre você. Mas é só um filme que não corresponde ao que você é de verdade. Não corresponde à realidade. É o filme dele.
E esta pessoa vai descrever o filme dela sobre você. Olha só que difícil e que incrível é este mecanismo. E a gente tenta captar o que a outra pessoa está dizendo, o que está passando apenas no filme dela. Aí a gente interpreta, muda o nosso filme e fala de volta.
E como é falar com alguém que está assistindo TV?
Na maior parte das vezes, a pessoa nem está te ouvindo. É muito difícil! Às vezes a gente está falando e o filme passando lá na salinha dela é outro, e ela te interrompe e começa a contar o filme dela. Não é assim? Como é a comunicação para você? Você percebe essa dificuldade? A dificuldade de você dizer o que você quer de uma maneira que o outro compreenda. Não é dificílimo?
A dificuldade de ouvir e prestar atenção no que o outro está dizendo, sem prestar atenção no seu próprio filme interno. Difícil também. A dificuldade de se expressar de uma forma tão amorosa para que o outro não interprete e se ofenda.
Mas o que a gente pode fazer, afinal, diante de tanta dificuldade?
É claro que é importante a gente treinar essa comunicação, que deve passar por alguns critérios. Eu vou me comunicar, então para mim, para a Catia, eu tenho os meus critérios. Por exemplo: o que eu estou falando é verdadeiro? Verdadeiro, para mim, significa que passou pela minha experiência. Se eu estou vivendo isso de alguma maneira, ou já vivi, ou li num livro – algo assim. Ser verdadeiro, então, é meu primeiro critério.
O meu segundo critério é: essa fala é necessária? Será que uma fala é importante? Será que vai fazer bem para alguém? Vai ajudar de alguma maneira ou é uma fala inútil?
O terceiro critério é: eu consigo dizer isso de uma maneira simples e amorosa? Quer dizer, eu não vou complicar a cabeça da pessoa e nem vou ofendê-la?
Portanto, a gente passa por alguns critérios e assim aprende a se comunicar melhor. Eu sei que é um desafio. Mas eu andei vendo e pensando e também ouvi de uma professora espiritual, chamada Jasmuheen, que nós podemos simplesmente não dizer nada. Nós temos o direito de ficar em silêncio. Podemos aplicar o bom e velho hábito de simplesmente ficar de boca fechada. Somos livres para isso.
Se as nossas palavras às vezes são tão difíceis de serem compreendidas e muitas vezes são interrompidas porque o outro não consegue ouvir, nós podemos nos conectar com um fluxo constante de amor e luz que flui através de nós. Um fluxo de amor que o tempo todo penetra pelo alto da sua cabeça, te traz a vida e te faz ser quem você realmente é. Será que você consegue treinar e adquirir o hábito de se conectar com esse fluxo constante de amor e luz?
Pense: eu sou o puro amor! Eu sou a luz! E, então, de boca fechada, transmitir isso através do seu olhar, simplesmente. Ou das suas mãos. Às vezes um abraço, outras um sorriso – e só isso.
Existe outra pessoa. Eu nem posso dizer que ele seja um professor espiritual, mas sim, talvez, um professor do silêncio É outra figura importante que eu conheço, um homem da Croácia. Chamado Braco. Este homem não abre a boca, não diz nada, não ensina nada. A única coisa que ele faz é transmitir esse fluxo constante de amor por meio do seu olhar.
Se você quiser saber mais sobre ele, dá uma olhada no site www.braco.me. Você pode entrar, se inscrever e participar desse olhar. É gratuito. E você vai sentir a presença do amor através do olhar.
Mas você também pode ser esse fluxo de amor. É importante, porém, você entender o que é esse silêncio que cura.
Em resumo, adquira o bom e velho hábito de ficar em silêncio. E, assim, conecte-se ao fluxo constante de amor e luz que flui por você. Só isso, sem palavras.