Você já se viu naquela situação familiar que, de repente, você nota que determinada pessoa não gosta de você? Ou, como dizem por aí, que o seu santo não bate com o santo de outra pessoa? E fica aquela situação desconfortável, incômoda, não é mesmo?
Esse cenário é difícil, principalmente, quando a gente tem de conviver com a pessoa. Como viver essa realidade sem nos afetar emocionalmente?
É uma situação muito comum. Eu já passei por isso e tenho certeza que você também.
Essa reflexão me fez lembrar uma professora espiritual americana, chamada Byron Katie, que fala das histórias que a nossa mente nos conta e no quanto nós somos afetados por essas histórias.
Como eu já expliquei antes, a nossa mente funciona como uma TV ligada 24 horas por dia dentro da nossa cabeça, até mesmo quando a gente está dormindo. Quando dormimos, esses pensamentos nos são apresentados no formato de sonhos.
Durante o dia, essas histórias parecem muito reais. A gente imagina algo e a nossa mente logo mostra um filme e, assim como assistimos a um filme na TV, nós nos emocionamos.
Para muitos de nós, quando a gente sente alguma coisa que está pensando, isso seria uma prova de que o pensamento é verdadeiro. Mas não é, pois quando você assiste a um filme na TV, você também se emociona e sabe que é uma emoção provocada pelo filme. A gente vive assim o dia todo.
Pois bem, a Byron Katie conta que, ao entrar em uma sala de aula para dar uma palestra ou treinamento para os seus muitos alunos, ela afirma: “Olá, tenho certeza que você me ama. Você pode não saber ainda, mas eu sei”. Ela diz isso porque sabe que o estado natural do ser humano é o estado de amor. Naturalmente, nós somos como um bebê ou uma criança pequena, que é aberta às situações da vida.
Por isso, quando a gente diz “não gosto de alguém” isso tem muito mais a ver com a história passando na nossa cabeça do que, de fato, com a realidade. A gente costuma pensar que alguém está nos fazendo mal, que alguém está nos provocando alguma reação interna.
Nesse tipo de situação, é importante a gente avaliar o que, de verdade, está nos incomodando: é algo que a outra pessoa está fazendo ou é aquilo que você está imaginando? Eu te convido a fazer esta comparação: é o que a pessoa faz ou é o que você pensa a respeito do que ela faz? O que, de fato, te incomoda?
Perceba que o grande causador de qualquer incômodo que você esteja passando é o filme que está passando na sua cabeça. É o que você pensa sobre aquilo!
E como fazemos para que isso não nos afete emocionalmente?
O primeiro passo é perceber o que está passando na sua cabeça naquele momento. Em segundo lugar, depois que você observou o que sua mente está te mostrando, saiba que na cabeça do outro, assim como na sua, passam histórias. E na cabeça do outro, nas histórias dele, na grande maioria das vezes, não tem nada a ver com você.
A gente acha que a outra pessoa deveria nos enxergar, deveria saber quem nós somos. Deveria ler o nosso coração, mas isso não acontece porque todos os seres humanos sabem ler muito bem as suas próprias mentes.
Eu já passei por muitas situações nas quais a outra pessoa tem uma história passando na sua cabeça. E essa história não tem absolutamente nada a ver comigo.
O que a pessoa sente é uma consequência dos seus pensamentos, assim como você. Dessa maneira, você pode ter um entendimento melhor de tudo que está acontecendo.
O que eu sinto tem a ver com os meus pensamentos. O que a outra pessoa sente, que para mim se apresenta como desamor ou “não vai com a minha cara”, é apenas uma consequência do que ela pensa.
A gente tendo consciência disso, já ameniza bastante esse tipo de situação.
Tem, ainda, um terceiro passo, que é: como eu faço para viver melhor, como eu faço para esse tipo de coisa não me afetar tanto? A gente tem a tendência de olhar uns para os outros com foco no que temos de diferente. Eu penso diferente daquela pessoa. Eu me comporto diferente. Aquela pessoa tem atitudes diferentes das que eu teria. A gente olha as diferenças!
Se você quer conviver melhor com alguém, tente observar o que você tem de semelhante com esta pessoa, ainda que seja apenas o fato de você ser um ser humano cheio de histórias na cabeça, assim como o outro.
Isso nos leva simplesmente ao sentimento de compaixão. Porque somos seres tão confusos, acreditando num filme, numa televisão, assim como acreditamos nas notícias que a TV, os jornais ou as mídias sociais nos contam.
Vamos desenvolver a compaixão e nos unir por onde somos semelhantes.
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