Eu queria falar hoje sobre este mundo todo falso, todo artificial que a gente está vivendo.

Eu entrei nessa história de Facebook há uns 15 anos. Talvez tenha sido no começo do Facebook. Eu lembro que, bem no passado, existiu o Orkut, que eu nunca participei. Entrei no Facebook numa viagem que fiz aos Estados Unidos. Eu nem sabia o que era, mas as pessoas perguntavam se eu estava lá.

É divertido, né?

A gente começa a encontrar velhos amigos e descobrir como eles estão vivendo suas vidas. Eu achei aquilo super divertido.

E esse negócio cresceu muito nos últimos 15 anos. Hoje em dia, a gente não tem só o Facebook. Temos também o Instagram, que, aliás, é o preferido entre a moçada. Temos o Tik Tok, e outros.

Eu observo nas minhas filhas, que são adolescentes, o quanto essa vida nas redes sociais é importante.

Alguns meses atrás, eu atendi um cliente que veio me contar a sua história com redes sociais. Ele trabalha com estética. Portanto, as clientes dele são mulheres que querem ficar bonitas. Que querem arrumar aqui, arrumar ali. Preenchimento, Botox, essas coisas todas.

Depois dos procedimentos estéticos, elas postam suas fotos nas redes sociais e ele, como profissional que atendeu elas, vai e curte as fotos e comenta.  E isso deu um rolo danado na vida dele porque a namorada ficou com muito ciúmes. A tal ponto que eles terminaram. Esse foi um acontecimento.

Tem outro. Um dia desses fui na minha dermatologista, e ela me contou das mulheres que chegam  com fotos do Instagram cheias de filtros e falam: “Quero ficar desse jeito”, mostrando a foto da rede social no seu celular.

Aí eu comecei a pensar: que mundo é esse que a gente está vivendo? Não é uma crítica, mas um questionamento. Que mundo fake é esse? Que mundo falso e artificial é esse que tem entrado cada vez mais nas nossas vidas?

Novos conceitos e referências?

Esse mundo tomou as nossas vidas. A gente trabalha com as redes sociais. Eu mesma faço isso. Muitos de nós fazemos isso. As redes sociais incorporaram em nós de uma tal maneira que parecem um mundo real. A gente posta fotos, posta comentários e acaba criando um personagem em cima do nosso personagem original. E, depois, a gente até quer ser de verdade aquele personagem que a gente criou.

Então, tudo isso fica muito louco no nosso cabeçãozinho porque a gente já tem um personagem. Quem é você? Quem sou eu? Somos um ser perfeito, extensão do amor, da paz e da sabedoria do Criador.

Você é esse Ser espiritual. Você já tem um personagem para viver sua aventura nesse planeta. Um personagem que, claro, tem um monte de componentes. Tem corpo físico, tem a vida, tem a história dele, tem um montão de emoções. Emoções que são resultados das nossas experiências na vida. Todo muito fica triste, fica bravo, fica irritado, fica com mágoa, coloca culpa no outro, briga com um terceiro.

Isso tudo é absolutamente normal e humano. Esse é o seu personagem. E em cima disso tudo temos nosso cabeção, a nossa mente, que conversa com a gente o dia todo, que conta histórias sem parar.

E o que esse mundo fake faz? Ele te propõe novos personagens e você pode até ser uma nova pessoa no seu Instagram.

Ah, no meu Instagram eu quero ser um tipo zen. Eu quero ser um tipo iogue. Então eu me visto com aquelas roupas, uso aqueles colares, eu faço uma pose meditando na praia. E, no meu Instagram, eu sou esse personagem.

Mas será que isso é real? A gente acaba confundindo as pessoas que nos conhecem e fica tudo uma grande confusão onde ninguém entende nada.

O meu questionamento é: o que a gente faz com esse novo personagem que é ainda mais falso do que esse com o qual a gente está lidando toda a nossa vida? Esse personagem original já é falso, apesar da gente se identificar tanto com ele. Isso já é um caso de falsa identidade porque quem você é de verdade não é esta pessoa que aparece para o mundo. Quem você é de verdade é o Ser, o Eu que habita essa pessoa e que, por meio desse personagem, vive as experiências terrenas.

Agora, se além desse personagem, que já é falso, você cria outro que é mais falso ainda, onde é que a gente vai parar? É uma coisa para a gente pensar.

E se, além disso, você questionar as relações das pessoas com as quais você convive com outros personagens falsos criados por outras pessoas, como fez a namorada do meu cliente?

Nossa, haja cabeção fazendo confusão!

Será mesmo que a gente precisa criar mais um personagem nas redes sociais? Será que a gente não pode usar as redes sendo quem você é, sem mostrar uma imagem falsa?

É só um questionamento. Pode ser que para você esteja funcionando bem. Então ótimo. Mas também pode ser que esteja causando confusão. Por isso, talvez seja hora de repensar sua atuação nas redes.

Sabia que tem gente que faz “jejum” de redes sociais? Eu acho interessante. Passe uns dias sem e veja o que acontece. Perceba o quanto a gente está viciado neste mundo fake. Ou o quanto a gente precisa dele o tempo todo. Essa necessidade de ver o personagem do outro, ver o que ele postou, sem nem saber se aquilo é de fato real.

Eu acredito que mesmo esse mundo que a gente vive diariamente não é, de fato, real. É apenas a realidade que nós criamos. O real mesmo é o amor, é a paz, é o poder divino que existe dentro de todos nós.